quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Blow Up!

O Marcel Kunzler me passou essa dica pelo google talk. Impressionante...
Gigapixel

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Será que sou Emo?!

Pois é, comecei a desconfiar disso há algum tempo. Tudo começou quando o grande diretor de cinema Hique Montanari, o câncer do cinema gaúcho, me apresentou o tal Radiohead. Não sou fissurado em música. Até já fui quando era adolescente, mas acho que todo mundo adora música quando é adolescente, então não conta. Eu era roqueiro numa época em que todos os meus amigos e amigas só queriam saber de "Discoteque". Era o final dos anos 70 e início dos 80. A época do John Travolta, a primeira fase, bem antes do Pulp Fiction. Na TV passava a novela Dancing Days e era o auge do Bee Gees e das Frenéticas. Eu só tinha um amigo roqueiro, o André de Guaíba. Na verdade, o sobrenome do André era Rosentahl, mas a gente o chamava "de Guaíba" porque o cara morava na cidade de Guaíba/RS, que era o fim do mundo. O André era o único que me entendia. Mas ele também tinha um defeito, aliás, dois: era gremista e adorava Donna Summer. Tudo a ver uma coisa com a outra. "Nobody is perfect." Quando ele passava uns dias em Porto Alegre, com exceção da Donna Summer, sempre ouvíamos juntos e cantávamos pilhas de LPs do Queen, Rainbow, Deep Purple, Uriah Heep, Black Sabbat, Led Zeppelin, AC/DC, Whitesnake, Jimi Hendrix, Yes, Pink Floyd, ELP, Rick Wakeman, Van Hallen, Rolling Stones, etc. Eu achava que não tinha mais ninguém em Porto Alegre que conhecesse tantas bandas de rock como eu. Como o mundo é pequeno na cabeça de um adolescente... A gente acreditava que o rock tinha morrido junto com as bandas. As melhores bandas, as que a gente mais gostava estavam separadas ou tinham se "vendido pro sistema". Começaram a fazer musiquinhas mais comerciais, dançantes. Música dançante era o fim da picada, coisa de Discoteque. O negócio era "curtir um som", concentrados, sentindo aquela vibração e imaginando os caras tocando num tempo e lugar inacessíveis pra nós. Dançar "separado" era "se vender pro sistema". Dançar junto até podia, pois ninguém é de ferro, mas só pra dar o primeiro beijo na mina. Depois era levar pra um canto e ficar beijando a noite toda. Nascêramos tarde demais. Jimi Hendrix, Jim Morrison, John Bonham, Janis Joplin, John Lennon já eram história. Isso apenas para citar os ídolos cujos primeiros nomes começavam com a letra J... O Pink Floyd estava se desintegrando, o Rick Wakeman saiu do Yes, os Beatles acabaram, enfim, apocalipse total.
As rádios ainda não tocavam rock naquela época, só discoteque e "música comercial". A Ipanema ainda não existia, era só um sonho impossível. A gente achava que aquela porcaria de musica comercial iria durar pra sempre e que um dia iríamos terminar de ouvir todas as músicas de rock já feitas e teríamos que começar a ouvir tudo de novo. A era da música boa, de qualidade, tinha acabado. Só nos restava reviver aquela nostalgia platônica de um tempo e lugar idealizados e inacessíveis pra nós, roqueiros espremidos pelos gaudérios, sertanejos e alienados. Adorávamos ouvir os LPs "Live at the Some Place". Me imaginava naquelas platéias. Um bando de sortudos. Ver filmes como o Hair, Woodstock, Jesus Cristo Superstar, The Song Remains the Same e The Wall era uma espécie de culto. Assistiamos religiosamente o Pop Som, um programa que passava clipes das bandas dos anos 70. Assistiamos uns filmes na Megaforce, uma loja de metaleiros que ficava naquela galeria em frente à Santa Casa. Ouvíamos também um programa na rádio Bandeirantes, que era um fio de esperança: o saudoso Studio 576 do Ricardo Barão. Viajei pro Rio uma vez pra visitar uns parentes e ouvi a Fluminense FM, que só tocava rock o dia todo. Voltei extasiado e contei pro André. Ele não acreditou que essa rádio existia. Achou que eu estava mentindo. Na segunda vez que fui lá, gravei umas 5 fitas Maxell Chrome de 120 minutos e o cara ficou chapado ouvindo aquilo≥ Gravei inclusive as falas da locutora. Uma locutora! Isso era maravilhoso! Ainda não existia locutoras nas rádios daqui de POA.
Algumas bandas que tocavam na Fluminense FM eram desconhecidas pra mim. Então decidimos fazer uma disputa, eu e o André de Guaíba, para ver quem conseguia listar o maior número de bandas que conhecia. Achei que eu iria humilhar o André, mas tomei uma sova. Ele listou mais de cem e eu não passei de 65. O sonho estava acabando.
Descobri que eu não sacava nada de música. Logo depois veio uma catástrofe que quase me fez abandonar minha fissura pela música: o New Wave, um derivado comercial do movimento Punk. Aquilo era uma pouca vergonha. Lembro que a gente usava o termo New Wave para xingar os alienados, ou seja, aquelas pessoas que não gostavam do verdadeiro rock'n roll. Chamar de New Wave era pior do que chamar o cara de viado. Surgiu a Ipanema FM e o rock'n roll renasceu. E tinha duas locutoras! Depois veio MTV, a separação dos meus pais e minha primeira paixão, uma roqueira de fino trato. Descobri com ela Ravi Shankar, El0mar, The Doors, Mutantes, The Who. Brigamos algumas vezes por causa de Duran Duran, que ela gostava, e eu abominava. Chegou um ponto em que tive que admitir que, apesar de dançante, eu gostava de Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Titãs, Ultraje a Rigor, Ira, etc. Daí começaram a ressurgir bandas excelentes, mas eu já não conseguia mais lembrar os nomes dos integrantes e logo já não conseguiria mais assimilar os nomes das bandas também. Não lembro bem como e nem quando eu deixei de ouvir música com tanta frequência. Deixei de ser roqueiro. Cortei o cabelo e "me vendi pro sistema".
Pulando mais de duas décadas, agora voltei a sentir a mesma emoção da minha adolescência ao ouvir as músicas do U2, Radiohead, Coldplay, The Verve, Moby, Travis, etc. Ouvi tanto Radiohead que cheguei a enjoar. Daí eu descobri o Sigur Rós. Um aluno me mostrou um clipe dessa banda e eu não consigo mais parar de ouvir.
Enfim, pelo estilo de bandas que me emocionam, descobri que sou Emo. A única coisa que me diferencia dessa tribo, por enquanto, é que acho ridículo aqueles cabelos, aquelas roupas e as unhas pintadas de preto descascante. Quando eu achar que essa moda serve pra mim e sair com uma franjinha na testa e um piercing no nariz, peço aos meus amigos de verdade que me levem pra Pinel porque o caso é grave.

Alfredo Barros

domingo, 19 de julho de 2009

Astro 2009 - O vinho fino de Flores da Cunha


Assisti 12 curtas nesse final de semana em Flores da Cunha/RS. Fui convidado pelo Juliano Carpeggiani para compor o juri do Astro 2009, o festival estadual de vídeos realizados por estudantes de ensino médio do RS. Fiquei muito impressionado com a qualidade dos curtas feitos naquela cidade. Não estou sendo generoso nem condescendente, fiquei realmente muito impressionado com o que tive o privilégio de assistir. Consegui uma cópia de 4 dos 12 curtas e mostrei pra minha esposa quando cheguei em casa. A princípio ela ficou relutante em assistir, imaginando que veria o que se espera de filmes feitos por adolescentes. Esse preconceito é até certo ponto legítimo, pois se baseia nas nossas próprias experiências de fazer vídeos na faculdade. Por mais criativos que fossem, só eram engraçados ou interessantes dentro daquele contexto de turma de faculdade. A qualidade artística e técnica do que a gente fazia era muito próxima da nulidade absoluta. Por isso, fui obrigado a insistir. Usei um golpe baixo. Convenci minha filha de 11 anos a ver. Depois que ela decide ver alguma coisa na TV, ninguém tem coragem de mudar a programação.
E não precisei de mais de 1 minuto de filme para deixá-las de queixo caído. A piazada de Flores sabe muito bem o que está fazendo. É inacreditável o profissionalismo na captação de imagem e som, as escolhas de enquadramentos, a decupagem das cenas, os roteiros, diálogos, direção de arte, enfim, muito superior aos parâmetros de qualidade técnica considerados "normais" para este tipo de produção. Eles fazem filmes que nos divertem, provocam sustos, entretêm e emocionam.
Mas como eles conseguem fazer isso tudo? Qual é o segredo de Flores da Cunha, a futura capital nacional do cinema? Claro que tem uma explicação muito simples. Há onze anos eles criaram uma fórmula de ensino e cultura audiovisual muito promissora que só nos últimos anos começou a mostrar resultados. Isso parece um pouco com o processo de fermentação da uva para fazer os vinhos maravilhosos que encontramos naquela região. A combinação dos ingredientes começou a ser feita em 1998 com a criação do Astro. Nos primeiros anos, os filmes eram muito parecidos com o que normalmente se encontra nas mostras estudantis. Faltava domínio de linguagem, o som era captado direto do microfone da câmera, o roteiro repleto de piadas internas, diálogos de péssima qualidade, enfim, mal conseguiam estruturar uma história com começo, meio e fim e que pudesse ser entendida por uma pessoa que não tivesse participado das filmagens. Esses filmes eram (e ainda são) exibidos no salão paroquial, com espaço para 1500 espectadores da cidade. A fermentação provocada pelo festival começou a fazer efeito lentamente, a cada ano os alunos assistiam as produções dos colegas e já começavam a pensar nos filmes do ano seguinte. OK, até aí nada de novo, pois essa é a função dos festivais. Apenas isso não seria suficiente para produzir vinhos finos.
Em 2005, sete anos depois do primeiro Astro, surge o Núcleo de Produção Audiovisual (NPAV) como resultado de um convênio de 160 mil Euros entre a União Européia e a Prefeitura de Flores da Cunha, sendo 70% provenientes do organismo internacional e 30% como contra-partida do município. Dentro da proposta lançada pela União Européia, o NPAV passaria a abrigar projetos que desenvolvam produções audiovisuais com temas vinculados à imigração italiana. A idéia é que futuramente o núcleo se transforme numa escola de audiovisual, oferecendo cursos de extensão e graduação. A pré-existência do Astro foi fundamental para firmar a parcereia com a União Européia. Com o núcleo, os alunos puderam dispor de equipamentos profissionais de captação de som e imagem, além de equipamento de edição. Bem, com isso a infra-estrutura estava garantida. Mas, quem trabalha na área sabe muito bem que nenhum equipamento, por mais caro e moderno que seja, garante a criação de bons filmes. Faltava a qualificação das pessoas e dos processos. O Juliano Carpeggiani, um dos criadores do Astro e coordenador do NPAV, passou a organizar e ministrar uma série de oficinas de cinema, promovendo uma integração entre o núcleo e o Colégio Estadual São Rafael, a escola que abriga o festival. Os alunos do São Rafael passaram então a fazer oficinas de cinema no NPAV e ainda contavam com a supervisão dos profissionais na realização dos curtas. Isso até 2008. A partir de 2009 os alunos apenas fizeram as oficinas e aprenderam a utilizar os equipamentos. Os curtas deste ano, portanto, foram feitos totalmente (de ponta a ponta) pelos estudantes. A maioria já contava com dois vídeos no currículo e 10 edições do festival como espectadores. Enfim, o vinho está pronto para ser degustado. Uma delícia por sinal.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

É Foch!

Terminei de ler esse livro. Já era fã do Nei Lisboa músico e letrista, agora descobri que o cara é genial também na literatura. o livro é um conjunto de crônicas publicadas no jornal Extra Classe e na Zero Hora. Cada texto melhor do que o outro. O Nei tem um humor e uma lucidez invejáveis, além de um domínio absurdo sobre as palavras. Queria poder escrever assim. Quem sabe em outra vida...